Compreendendo Conium mac.

Dr. Claudio C. Araujo M.D. F.F.Hom. (Lon.) et al.

Conium é um daqueles remédios que tem seus próprios efeitos tóxicos presentes na maioria dos sintomas da Matéria Médica. Os sintomas patogênicos e característicos individuais são misturados com os mais tóxicos e superficiais. Sabemos que deve existir uma relação direta entre o paciente de Conium e sua toxicologia, quando quadros clínicos e neurológicos desordenados são consequência e resultado do outro.

Existe um conhecimento comum sobre o Conium: os sintomas virão e progredirão lentamente. Foi descrito que o surgimento e o aparecimento dos sintomas são tão sutis que até mesmo sua família e parentes não perceberão até que o paciente perca a memória ou fique em estado de imbecilidade.

Kent: A mente está cheia de coisas estranhas que vieram pouco a pouco, e quando a família olha para as muitas coisas que ele fez e disse, eles começam a se perguntar se ele não está ficando louco, mas ele está viajando para um estado de imbecilidade.

O conium é de caráter lento e passivo.

Presente nos sintomas também está uma forte tendência de fraqueza mental, cansaço, perda de memória, imbecilidade e insanidade. Esses aspectos clínicos são todos pertencentes ao envenenamento toxicológico de Conium, que é sua maneira de se envenenar.

Já se sabe que o Conium pode curar qualquer tipo de tumor, desde que os sintomas estejam de acordo. Já foi descrita por vários autores a cura de tumores, tanto benignos quanto malignos.

Como o paciente Conium se sente consigo mesmo?

Provavelmente nosso paciente viveu (ou está vivendo) uma vida muito feliz e alegre.

Ele está “vivo, bem e forte, pela manhã”.

O sintoma descreve uma “excitação mais viva”, que inclui as palavras “vivo e animado”. Uma imagem mental quase eufórica.

Emoção mais animada (após doze horas).

Alegria constante.

Tendência a rir, como se viesse do hipocôndrio e do estômago direitos, durante uma condição de exaustão.

Tendência a rir, com perda de energia vital.

 Animado, bem e forte, pela manhã (ação curativa alternada), (após vinte e quatro horas).

Outro aspecto curioso de Conium é sua relação com os demais. Em muitos aspectos, Conium não tem muitos sentimentos em relação aos outros. Ele não gosta dos outros, mas ao mesmo tempo não pode viver sem seus semelhantes.

Aversão geral a estar com as pessoas, e ainda medo de ficar sozinho.

Medo dos homens, de sua aproximação, mas com medo de ficar sozinho.

Não gosta da sociedade e ainda tem medo de ficar sozinho. ð Histeria.

Ele é avesso a estar perto das pessoas e à conversa daqueles que passam por ele; está inclinado a apoderar-se deles e abusar deles.

Paciente avessa a falar, vestir-se, comer ou ver seus filhos; baço aumentado. ð Melancolia.

Conium, com seu humor animado, provavelmente é alguém que gosta de mostrar a todos como se sente consigo mesmo. Ou, podemos antecipar, ele está atraindo e seduzindo o sexo oposto.

Gosta de usar suas melhores roupas, faz compras inúteis, se importa muito pouco com as coisas, desperdiça ou estraga; não quer trabalhar, prefere brincar.

Conium tem um forte desejo sexual. Mas não é tudo. Ele ficará doente, se não lhe for permitido ter relações sexuais. Este é um de seus sintomas mais importantes, algo que, uma vez conhecido pelo paciente, o manterá sempre consciente de sua fraqueza. Ele ficará doente se interromper suas relações sexuais habituais.

Paroxismos de histeria e hipocondria por abstinência de relações sexuais.

Kent cita que às vezes os sintomas do Conium podem ser desencadeados pelo luto. Podemos supor que cada remédio pode ter feito seus sintomas aparecerem da dor. Hahnemann diz que a mudança da Psora Latente para o estado Desenvolvido é lançada principalmente devido ao luto. Mas podemos também considerar o luto associado à abstinência sexual, acarretando vários sintomas.

Choro violento, com lágrimas, à noite, no sono.

Inclinado a chorar, soluça alto quando está sozinho.

Quando estava sozinha em casa, era tomada por uma vontade de chorar; ao ceder, transformou-se em um soluço alto, seguido de tremeluzir diante dos olhos e visão indistinta, de modo que ela foi obrigada a se equilibrar na caminhada, seguida de exaustão de todos os membros e dor de cabeça surda.

Humor triste (após um dia).

Conium está sofrendo. Mas sua tristeza vem com indiferença.

Depressão hipocondríaca e indiferença, ao caminhar ao ar livre.

Ataques alternados de depressão silenciosa e vivacidade briguenta. ð Mania.

Humor sério; sem simpatia, da indolência.

Por que ele é tão indiferente? Parece que ele não se importa com os outros. “Não simpatizante” significa – alguém que não sente com os outros – o sofrimento dos outros para não afetá-lo.

Como ele pode viver em tal contradição? O sofrimento de seus semelhantes não o afeta, ele se zanga com os outros, quer dimensioná-los, mas ao mesmo tempo precisa muito estar junto com os outros.

Ele é avesso a estar perto das pessoas e à conversa daqueles que passam por ele; está inclinado a apoderar-se deles e abusar deles.

Muito excitado, apaixonado, dominador, briguento, repreende e não suporta contradição.

Inclinado a chorar, soluça alto quando está sozinho.

Quando estava sozinha em casa, era tomada por uma vontade de chorar; ao ceder, transformou-se em um soluço alto, seguido de tremeluzir diante dos olhos e visão indistinta, de modo que ela foi obrigada a se equilibrar na caminhada, seguida de exaustão de todos os membros e dor de cabeça surda.

Por que isso? A relação sexual é sua única necessidade? Ele precisa andar por aí vestindo suas melhores roupas, seduzindo mais alguém, só para fazer sexo?

Provavelmente este é um ponto sério, caso contrário ele ficará doente.

A grande maioria dos sintomas mostra uma pessoa irritada, violenta, triste e distante. Sabemos que tudo vem devido a uma frustração. O que tinha acontecido?

Conium é, na verdade, alguém infeliz, entediado, insatisfeito com “seu ambiente” ou, digamos, com tudo ao redor. Ele é indiferente, infeliz, “afundado no fundo”.

Humor sombrio; tudo nele causa uma impressão desagradável nele.

Desanimada, desanimada e insatisfeita consigo mesma e com o ambiente.

Pior quando ocioso.

Afundado em pensamentos profundos; ele considerou apreensivamente o presente e o futuro, e procurou ficar sozinho.

Kent: Grande infelicidade mental, recorrente a cada quatorze dias, mostrando uma periodicidade de duas semanas. O paciente de Conium vai sentar e lamentar no canto em um estado de tristeza e depressão, não dando nenhuma razão apenas para que ele esteja tão triste.

Completa indiferença; não se interessa por nada, principalmente caminhar ao ar livre. ð Hipocondria.

Muito mal-humorado à tarde, das 5 às 6, como se uma grande dor pesasse sobre ele, com sensação de paralisia em todos os membros, indiferença e não se interessando por nada.

Humor sombrio; tudo nele o impressiona desagradavelmente.

Como ele pode sobreviver de suas próprias primeiras impressões da realidade? A partir de sua primeira sensação, a “sensação desagradável sobre ele” o que poderá vir ajudá-lo, o que está “à mão” que ele poderia usar para viver sua vida? Que estratégias ele estabeleceu para si mesmo?

Voltemos ao início: Alguém animado, em busca de uma vida cheia de bons momentos, uma vida cheia de sexo, cheia dos prazeres do sexo. Sem isso (a vida cheia de felicidade e sexo) ele voltará às suas primeiras sensações. Que a vida não tem sentido, não tem razão, é chata, não tem nada de interessante. Nem as pessoas nele.